sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Parques eólicos desestruturam a dinâmica ambiental e ecológica do litoral.

 Entrevista especial com Antônio Jeovah de Andrade Meireles 

Foto: Natal Fatos e Fotos
“Os parques eólicos estão causando a erosão das praias, e o mar já está batendo nos aerogeradores”, alerta o geógrafo.

Confira a entrevista.

Considerada pelos especialistas uma fonte renovável, a energia eólica, que não emite gases de efeito estufa durante sua operação, tem sido objeto de estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, entre eles, Antônio Jeovah de Andrade Meireles, após serem identificados impactos ambientais por conta do funcionamento e instalação dos parques eólicos na região litorânea. Em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone, o geógrafo apresenta os primeiros resultados das pesquisas que verificaram impactos socioambientais na região nordeste, onde estão instalados parques eólicos. De acordo com ele, “no processo de instalação dos aerogeradores, são construídas várias vias de acesso sob o campo de dunas móveis, as quais soterram sistemas lacustres. Como as dunas são móveis, elas estão passando por um processo de fixação artificial. Então, num primeiro momento, definimos que os parques eólicos não geram impactos pontuais, mas impactos que desestruturam a dinâmica ambiental e ecológica de um campo de dunas que, no Ceará, tem mais de 500 quilômetros de extensão”. Os impactos ambientais, esclarece, “estão relacionados à completa desestruturação morfológica, à mudança na paisagem dos campos de dunas, e ao soterramento das lagoas costeiras. Há uma completa desestruturação morfológica, porque as dunas estão perdendo sua formação natural, sua mobilidade, e consequentemente perde-se a função de amenizar processos erosivos”.
Imagem: Natal fatos e fotos

Meireles acentua o potencial energético dos parques eólicos, mas adverte que eles devem ser instalados em áreas adequadas. Além disso, propõe um investimento “genuinamente” público. E questiona: “Por que não se constroem parques eólicos para, num primeiro momento, levar energia limpa a milhares de comunidades que têm esse potencial instalado no lado das suas residências? (...) A energia pública, limpa e voltada para a produção comunitária seria uma alternativa extremamente importante e produziria um efeito ambiental e social que conduziria realmente a uma produção sustentável de energia”.

Antônio Jeovah de Andrade Meireles é doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona, professor do Departamento de Geografia e dos Programas de Pós-graduação em Geografia e em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Ceará – UFC.




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